terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Led Zeppelin: em quantas músicas Plant não fala "baby"?



*O autor que vos fala estava no Rio de Janeiro verificando os preparativos pro Rock in Rio, por isso a falta de artigos e agora estou cansado demais pra escrever algo mais construtivo, se contentem com isso. VIVA AO LED ZEPPELIN!

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Metal Up Your Ass (parte 3)


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As coisas caminhavam bem no primeiro ano do Metallica e o número de fãs crescia a cada apresentação, mas James Hetfield ainda não estava satisfeito com a guitarra e vocal ao mesmo tempo. Primeiro porque não achava sua voz boa e segundo porque, dividindo as duas funções, ele não se especializava em nada e sequer tocava um solo sem errar as notas.

Em Abril e Maio de 1982, a banda fez algumas tentativas para deixar James apenas como vocalista. Primeiro com um guitarristachamado Brad Parker, bom músico mas clássico demais para o som do Metallica, depois com Damian Philips. Sem avanços nestes ensaios, os integrantes pensaram em outra inversão de papéis tentando deixar James, agora, apenas como o segundo guitarrista, primeiro com o vocalista Jeff Warner (quem conhece a voz do cara agradece ao papai do céu todas as noites por ele não conseguir a vaga) e depois John Bush, então do Armored Saint (“atual” ex-vocalista do Anthrax) e grande amigo dos caras do Metallica. James adorava os vocais de Bush, mas a experiência não durou muito tempo pelo seu timbre de voz que tornava as músicas mais leves do que deveriam.

Após o fracasso destas tentativas, segundo o próprio Hetfield “(...) então eu parei de me preocupar em como deveria cantar e comecei a berrar as letras. Por incrível que pareça, as pessoas gostavam e eu dizia: bom, então tudo bem!”.

Para complementar, a mãe de Ron tinha um imóvel desocupado que seria demolido em breve, e autorizou que o lugar fosse convertido no centro oficial de ensaios do primeiro ano do Metallica. James e Ron acabaram se mudando para a casa e encheram as paredes com pôsteres de suas bandas preferidas para aumentar a inspiração na hora de compor novas músicas. Entre esses pôsteres, estava um do Judas Priest. Os ingleses, a maior banda de Heavy Metal então, exerceram um papel importante nesse começo do Metallica. Segundo os californianos, a coisa funcionava mais ou menos da seguinte forma: Rob Halford escrevia sobre vingança (Screaming For Vengeance), Hetfield lia a letra e escrevia sobre o mesmo assunto (No Remorse) e assim a banda evoluía, buscando uma variação nos temas, mas respeitando a posição dosMetal Gods nesse começo.

Com a quantidade de shows, fãs e composições crescendo, a banda achou um bom momento para a gravação de uma primeira demo, apenas com músicas próprias do Metallica e chamar a atenção de alguma gravadora.
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Os quatro integrantes racharam o valor do aluguel de um estúdio mediano e gravaram 7 músicas, como se fossem ao vivo, sem grandes parafernálias em 6 de Julho de 1982. A demo jamais saiu no mercado comercialmente (mesmo que hoje seja relativamente fácil de encontrar nas lojas especializadas em bootlegs e na Internet) e servia apenas como um cartão de visita às gravadoras. O nome dado à fita, No Life Til Leather, era uma óbvia referência ao disco ao vivo do Motörhead lançado no ano anterior, No Sleep Til Hammersmith, mais a palavra “Leather” (couro) que James adorava. A frase também abre a letra de Hit The Lights, a primeira composição da banda.

As músicas gravadas foram: Hit The Lights, Mechanix (uma primeira versão de The Four Horsemen, com a letra diferente), Motorbreath (primeira composição de James, ainda nas bandas anteriores), Seek and Destroy, Metal Militia, Jump in the Fire e Phantom Lord(outra composição antiga de James).

Alguns dias depois, Lars distribuiu uma cópia para alguns amigos e a gravação rapidamente se espalhou pelo circuito de troca de fitas cassete, o Napster do começo dos anos 80 (e com braços fortes, inclusive no Brasil). A qualidade e as inovações da demo caíram como uma bomba na cena headbanger da Costa Oeste dos EUA.

Nosso amigo Brian do BNR Metal Pages também se lembra da primeira vez em que ouviu a demo, quase por acaso: “Ainda em 1982 eu adquiri uma cópia do No Life Til Leather através de um dos meus amigos que trocavam fitas. Desde este dia, eu não acho que alguma demo, ou mesmo um álbum, causou tanto impacto em mim como aquela fita. Eu ainda acho que o som das guitarras na demo soava melhor do que no Kill´Em All, até mesmo porque eu estava tão acostumado com o som da demo, que o som do álbum, inevitavelmente era diferente e não tão bom.”
ImagemMuitas pessoas ainda comemoram o No Life Til Leather como o primeiro lançamento oficial do Thrash Metal mas Lars discorda e sempre afirma que essa honra coube ao Venom e seu aclamado Welcome to Hell de 1981. Os próprios integrantes do Venom, no entanto, rebatem que a banda surgiu da NWOBHM e a honra da inauguração do Thrash coube mesmo aoMetallica.



O sucesso era evidente, mesmo antes de a banda gravar seu primeiro disco, mas os integrantes não estavam contentes em Los Angeles. Como conta Brian Slagel “o público de Los Angeles pensava no Metallica como uma banda Punk, mas nenhuma banda Punk tocava rápido como eles”. O grande problema era a onda Glam que atingira em cheio a cidade com a consolidação de nomes como Ratt e Mötley Crüe, e Lars, James & cia. abominavam a atitude poser, seus biquinhos, maquiagens e sapatos com salto. Para completar, os shows do Metallica em San Francisco superaram todas as expectativas, pois a cena naquela cidade crescia em um ritmo alucinante e as lojas de Heavy Metal pipocavam pelos quarteirões.

Essa nova geração de headbangers de San Francisco, fanática pelas novidades, era chamada de Bay Area Bangers e depois Bay Area Thrashers. A famosa Bay Area nada mais é do que um bairro no oeste da cidade onde se concentrava grande parte das famílias de classe média e, consequentemente, seus filhos adolescentes. O grande ponto de encontro desses jovens era uma loja de discos chamada Record Vault na Rua Polk que oferecia entre braceletes e camisetas, discos piratas e demos das bandas que surgiam na Califórnia como Exodus, Vicious Rumors, Overdrive, Metallica, Cirith Ungol e o Heathen. Logicamente, Lars Ulrich era um dos grandes freqüentadores da loja.

A banda pensou seriamente em mudar para San Francisco já nessa época, mas como a cidade não era tão distante de Los Angeles e a grana andava curta, eles preferiram continuar onde estavam e apenas concentraram mais os shows nos bares da Bay Area.

Uma conhecida headbanger da cena de San Francisco era uma garota chamada Kathi Page. Kathi trabalhava na rádio KRQR, uma das poucas rádios Rock existentes que não se limitavam a tocar bandas farofas em sua programação e davam oportunidade para o novo som que surgia – como se pode perceber, esse problema é mais velho do que se imagina. Em outubro de 1982, Kathi conseguiu com a direção da rádio um patrocínio para realizar um evento de Metal em um grande bar chamado Old Waldorf, no coração financeiro de San Francisco. Esse show traria todas as segundas feiras (por isso ele foi apelidado de Metal Monday) três bandas diferentes tocando em uma espécie de competição. Obviamente que o Metallica logo se transformou na atração principal do festival.




A platéia presente nesses shows não conseguia descrever o som da banda; Alguns falavam em um Mötorhead mais rápido, outros em um Heavy Metal Ramones mas todos eram unânimes em afirmar que jamais ouviram algo parecido ao Metallica e sua rapidez.

As demais bandas nos shows também começaram a se adaptar à velocidade, distorção e peso. Na verdade, surgiu uma competição paralela em quem tocava mais rápido e mais pesado e daí surgiram as primeiras bandas de Thrash Metal. O termo “Thrash” (agressão) era a descrição perfeita daquele novo tipo de som e estava presente em grande parte das primeiras composições daquelas bandas como na música Whiplash do próprio Metallica, Metal Thrashing Mad do Anthrax (eles são de Nova York mas falaremos sobre isso no próximo capítulo) e Metal Command do Exodus. Infelizmente, grande parte da imprensa ainda confunde e chama o gênero de Trash (lixo) Metal quase 25 anos depois do seu surgimento. Incrível como a ignorância prevalece.

Através da repercussão no Metal Monday, a banda ganhou seus primeiros seguidores fiéis na Bay Area, especialmente com a divulgação maciça do No Life Til Leather, e chamou a atenção das gravadoras interessadas em investir no futuro promissor do Metallica. A primeira, High Velocity Records, ofereceu um contrato para soltar primeiro um EP e depois, dependendo da aceitação, eles bancavam a gravação de um álbum completo. Lars, o então “empresário”, disse não e esperou por uma oferta melhor.

Depois foi a vez da Shrapnel Records, conhecida gravadora de Mike Varney e também responsável pela carreira do guitarrista YNGWIE MALMSTEEN nos EUA há 20 anos. Apesar de uma oferta melhor, Lars também recusou a proposta e a banda preferiu esperar um pouco mais.


O segundo semestre de 1982 marcou também as primeiras grandes brigas internas na banda, especialmente o duelo de egos entre James Hetfield e Dave Mustaine. Para resumir a história: Mustaine passava por um sério problema com álcool e drogas, particularmente durante os shows, o que atrapalhava a performance de todos. Para piorar, não eram raras as vezes em que os dois quebravam o pau em cima do palco mesmo, pois Mustaine não se contentava em ficar ao lado do guitarrista/vocalista; Ele queria os holofotes e abusava da paciência dos outros encaixando solos inexistentes e criando verdadeiros malabarismos para desviar a atenção do público (você consegue alguns exemplos disso em trechos do clássico vídeo Cliff´Em All). Lógico que todos na banda bebiam, mas sabiam controlar os seus limites, o que não acontecia com Dave.

Uma briga, em especial, ficou muito famosa: James, Lars e Ron estavam em casa. Ron tomava um banho e Dave chegou bêbado com seu cachorro (descrito como uma máquina assassina). O cão resolveu passear e descobriu o carro de Ron na garagem com a porta aberta. Bom, digamos que o animal (me refiro ao cachorro) destruiu todo o estofamento do bólido. Quando James viu a cena, imediatamente ordenou que Mustaine fosse embora com seu bichinho, sendo que o guitarrista não estava em seus melhores humores e virou um soco violento na cara de Hetfield, que também revidou e um quebra-pau generalizado começou até que Lars interveio e separou os dois.

Anos depois, o próprio Mustaine comentou em uma famosa entrevista que existem dois tipos de bêbados: os alegres e os raivosos e ele pertencia ao segundo grupo.

Apesar dos problemas, o Dave sóbrio e limpo era um bom músico e grande parte das composições do Kill´Em All e também os primeiros riffs do Ride The Lightning nasceram com a sua ajuda. São fatos jamais negados por James e Lars e, por enquanto, Dave continuaria.



Apesar da amizade, a dupla principal também não estava satisfeita com Ron McGovney. Ron não era um mau baixista mas sua limitação técnica poderia influenciar os rumos da banda já que os grandes destaques na cena Thrash eram justamente a rapidez e a técnica, características não muito fortes nele.

Em agosto de 1982, sem Ron saber, Brian Slagel chamou James e Lars para contar sobre o grande baixista da banda Trauma que ele viu no Whiskey A-Go-Go alguns dias antes. Slagel disse que a banda, apesar de participar na segunda edição do Metal Massacre, não era tão boa assim pois não trazia nada de original, mas o baixista poderia mexer montanhas se tocasse no lugar certo.

Meio incrédulos com a opinião do amigo, os dois integrantes do Metallica foram a uma apresentação doTrauma no Troubadour (LA) em 21 de Outubro de 1982 . A banda em si, realmente não impressionou, mas o baixista...

Para se ter uma idéia, em um determinando momento, Cliff Burton começou a tocar um solo tão rápido e distorcido (ele usava um pedal de guitarra para aumentar a distorção), apenas dedilhando (nada de palhetas) que James achava impossível aquele som, tinha de haver algum truque ou alguma guitarra escondida atrás do palco.

Mas não havia. Clifford Lee Burton nasceu a 10 de Fevereiro de 1962 em San Francisco, filho de paishippies, e em sua adolescência tocou em diversas bandas locais com vários músicos que depois se destacaram, entre eles o baterista Mike Bordin e o guitarrista Jim Martin, ambos do Faith No More.

Cliff era o tipo desencanado, alegre e profissional. Muito influenciado pelo Lemmy do Motörhead, (tanto que seu primeiro baixo foi um Rickenbaker exatamente igual ao de Lemmy), mas também amava o trabalho do compositor Bach e histórias envolvendo o ocultismo de autores como H.P Lovercraft, grande influência como se percebe nas músicas The Call of Ktulu e The Thing That Should Not Be. Cliff também era mais eclético, gostava de Simon & Garfunkel e foi um dos primeiros ouvintes do R.E.M, quando a banda ainda tocava em bares fuleiros.

James e Lars colocaram na cabeça a necessidade de convencer aquele baixista a entrar no Metallica e foram bater um papo. Cliff foi, ouviu a proposta e concordou em entrar no Metallica mas desde que a banda se mudasse definitivamente para San Francisco pois ele não trocaria a cidade por nada. James e Lars ficaram de pensar no assunto.

Um mês depois, em 29 de Novembro de 1982, o Metallica tocou novamente no Metal Monday. A banda de abertura era ninguém menos que o Exodus, então com um tal Kirk Hammett nas guitarras. Esta foi a primeira vez que o caminho do Metallica cruzou o de Kirk em cima dos palcos. O show foi gravado e seubootleg atualmente é conhecido como Live Metal Up Your Ass. Na verdade, o objetivo da banda era realmente gravar a apresentação e divulgá-la para as gravadoras mas a qualidade sonora não ficou muito legal e eles desistiram da idéia.
No dia seguinte o Metallica tocaria pela última vez com Ron no baixo. James e Lars tentaram esconder o contato com Cliff mas sempre comentavam sobre o assunto nos backstages (obviamente, longe de Ron) e, se mudavam ou não para San Francisco. Em 30 de Novembro, logo após o show, a então namorada de Ron ouviu os dois comentando sobre o assunto e correu para contar toda a história. O baixista ficou uma pilha de nervos e, após uma breve discussão, saiu da banda por conta própria.

A importância de Ron McGovney na história do Metallica sempre foi subestimada e, justiça seja feita, apesar das limitações técnicas, o cara foi um dos que mais investiu no futuro. Ele era o único que tinha um carro e arcava sozinho com todas as despesas do combustível para levar a banda e todo equipamento pra cima e pra baixo nos shows, além de ser o dono do primeiro local de ensaio da banda. Ron desistiu da vida de músico após sua saída do Metallica, a não ser por uma participação esporádica no Hirax ainda nos anos 80. Mas hoje em dia ainda é muito amigo de James Hetfield e sempre comparece aos shows na Costa Oeste dos EUA.

Desesperados pela perda de um baixista antes mesmo de garantir a chegada do outro, e também pela perda do local de ensaios, o Metallica não teve opção a não ser mudar definitivamente para San Francisco e agradar Cliff Burton. Cá entre nós, a banda já pensava há bastante tempo em sair de Los Angeles e aproveitar melhor a cena da Bay Area, só faltava um pouco de motivação e dinheiro.

O primeiro teste de Cliff foi na casa do roadie e amigo, Mark Whittaker, e consistia em tirar uma única música, Seek and Destroy, o mais rápido que pudesse. O baixista não se preocupou e após uma performance matadora, todos sabiam que ele era o cara certo. Sem vacilar, Burton deu tchau ao Trauma (a banda terminou pouco tempo depois) e se uniu oficialmente ao Metallica em 28 de Dezembro de 1982.

Referências Bibliográficas:

BNR – Metal Pages. http://www.bnrmetal.com
Encyclopedia METALLICA. http://www.encycmet.com
Metallica Official. http://www.metallica.com
PUTTERFORD, MARK. METALLICA In Their Own Words. UK: Omnibus Press, 2000
RUSSELL, XAVIER. The Definitive METALLICA. UK: Omnibus Press, 1992
McIVER, JOEL. Justice for All: The Truth About METALLICA. USA: Omnibus Press, 2004
Wiplash.net

domingo, 9 de janeiro de 2011

A história de Whiskey in the Jar



Poucos sabem, e eu também não sabia, que a música Whiskey in the Jar é mais antiga e tradicional do que apenas um rock tocado pelo Thin Lizzy, em meados de 1970. A canção é tradicionalmente cantada por irlandeses há centenas de anos.

Acredita-se que ela é baseada na canção “Patrick Fleming”, que fala sobre um salteador irlandês que foi executado em meados de 1650, porém, não se tem a ideia exata de suas origens. Alan Lomax, um historiador folclórico, sugere que a canção tenha origem no século XVII. A música trata da história de um salteador que, após assaltar um oficial militar, foi traído por sua esposa ou amante (não se sabe ao certo). Diversas versões dessa música são executadas em províncias irlandesas, como Kerry, Cork, Gilgarra e Sligo.

É certo que a música é executada tradicionalmente nos Estados Unidos da América, em versões diferentes. Uma das versões é de Massachussetts, que trata de um soldado irlandês que foi condenado à morte por assaltar oficiais britânicos. Dependendo da localidade onde os irlandeses colonizaram, o nome e a patente do personagem também mudavam, sendo capitão ou coronel, passando por Farrel ou Pepper. A esposa ou amante pode se chamar Molly, Jenny ou Ginny, entre outros nomes.

A música já foi executada por várias bandas, algumas delas mundialmente conhecidas. A primeira execução de sucesso, veio com a banda THE DUBLINERS, em meados de 1950, que a gravaram em três álbuns diferentes. Após a execução de sucesso, veio a gravação efetuada por Thin Lizzy, que fez muito sucesso por volta de 1970. O Metallica é responsável pela sua execução de maior sucesso em meados de 1998.

O fato é que a música é um sucesso internacional e frequentemente cantada por todos os públicos que a ouvem. “Whiskey in the jar” realmente é uma bela canção, em qualquer estilo executado.

Slash e Guns N' Roses (fim)


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Já em 1989, Slash se dera conta de que aquela motivação incentivadora do Guns N’ Roses em se tornar “a banda mais perigosa do planeta” não existia mais. “A necessidade de sobreviver não era mais uma motivação”, afirmou. A monotonia da cena de Hollywood ‘forçou’ Slash a se refugiar mais intensamente na heroína, por exatos dois anos – até 1991. “Eu buscava algum lugar obscuro”, confidenciou.
Os efeitos, para ele, ‘nocivos’ da fama, seriam sentidos cada vez mais. “Não tinha aspirações materiais em absoluto. Nunca me importara com posses. De repente, porém, todos à minha volta começaram a se preocupar muito com isso”, assinalou Slash.

Àquela altura, os componentes do grupo estavam se distanciando, tanto pelo cansaço das excêntricas turnês quanto pelo acirramento das diferenças sobre os rumos. “As únicas mensagens que recebi deles chegaram oficialmente através da direção na pessoa de Doug Goldstein, que falava sempre com Axl”, detalhou Slash.

O guitarrista aponta que teria de compor e despertar o interesse de Axl para atraí-lo caso todos quisessem ser uma banda outra vez. Mas na ocasião, Slash e principalmente Izzy estavam muito envolvidos com DROGAS. Só que, com a intervenção de Axl e Slash, o guitarrista-base foi resgatado pelo próprio pai e desde então ficou ‘limpo’ – tem estado até hoje.


De acordo com o guitarrista, ainda assim os integrantes da banda deram um jeito de se reunirem para compor as músicas do álbum sucessor de G N’ R Lies, lançado em 29 de novembro de 1989 com gravações acústicas somadas às do EP "Live ! Like a Suicide". “Estávamos conseguindo compor alguma coisa, criando alguns riffs daqui e algumas partes de músicas dali. Quando estávamos trabalhando, nós nos concentrávamos, mas nunca conseguíamos completar nenhuma de nossas ideias sem todos os integrantes da banda juntos”, descreve Slash.

Conforme explicou o guitarrista, naquele momento todos voltaram a estar concentrados, mas lhes faltara habilidade no que se refere a trabalhar em equipe – até mesmo por não mais viverem e andarem sempre juntos, como nos primórdios do grupo, quando todos se interdependiam para a própria sobrevivência. “Havia a vontade, mas faltava disciplina”, resume Slash.

Os excessos com álcool por parte de SLASH e Duff incomodavam Izzy naquele instante. “Tenho certeza de que Axl tinha seus motivos para fazer as coisas a seu jeito também”, admite o guitarrista-solo. “Mas não existia diálogo sobre todas essas questões e, como consequencia, havia sérios mal-entendidos”, ponderouSLASH. “Em vez de elaborarmos um método novo para resolvermos nossas questões, todos os problemas foram virando uma grande bola de neve”, acrescentou. Isso sim, como o leitor virá até o final, ocasionaria o fim da banda como o mundo conheceu.

Slash explica que o grupo se tornara “disperso” e a dinâmica foi embora. “Não era culpa de ninguém, fizemos o melhor que pudemos”, isentou. “Éramos uma banda fora de controle com algum resquício de inteireza que perdera a habilidade de canalizar tudo de maneira adequada. Simplesmente não falávamos a mesma língua”, sintetizou o guitarrista. Por sinal, tal explicação é mais adequada do que alguns meramente dizerem que Axl deliberadamente ‘acabou’ com a banda. “Todos acabamos sendo omissos”, acusa SLASH, para quem faltava comunicação entre os integrantes.

O guitarrista descreve que o cenário de rock de Chicago – onde vivia àquele instante junto de Duff – era bem diferente do de Los Angeles. “Era 1990 e o lugar girava em torno do estilo de música metal industrial de bandas como Ministry e Nine Inch Nails”, abreviou. Como vários anos mais tarde ficaria evidente, Axl captaria tais influências para tentar produzir o ‘novo som’ do GN’R – depois da saída de todos os “originais”, só ocorreria em novembro de 2008 o lançamento do tão esperado "Chinese Democracy".

“O clima entre nós era sombrio demais e não conduzia à verdadeira criatividade”, analisou SLASH, sobre o período de composição que antecedeu os álbuns "Illusions". O guitarrista contou que Axl tivera ataques de quebradeira, que descontentaram a Izzy. Mesmo assim SLASH admite falha na época: “Quem sabe se tivéssemos ouvido o que ele queria fazer e sido um pouco mais cooperativos Axl não tivesse entrado em parafuso daquele jeito”, reflete.

Slash descreve Axl como portador de um “ar amargurado” aparentemente oriundo de um estado depressivo. Mas o guitarrista frisou que estava mais preocupado com Steven naquele momento. “Andava abusando demais da cocaína e seu desempenho pagava o pato”, elucidou o colega dos tempos de escola. “Compreendi que o caso de Steven se tornava cada vez mais irremediável”, delineou Slash.

O estado de tensão do grupo era grande. “O Guns era uma banda que poderia romper a qualquer segundo”, analisou SLASH. O próprio guitarrista destaca no livro que o nível criativo do GN’R caiu drasticamente. “Até Use Your Illusions I e II, o Guns escreveu músicas de uma maneira: a banda começava com uma ideia que qualquer um de nós podia ter tido e, então, todos colaboravam”, esmiuçou o guitarrista. Para SLASH, em 1990 o grupo já havia perdido essa inspiração coletiva para produzir. E pelos anos seguintes apenas se arrastou para chegar ao próprio fim.

“Axl e eu tínhamos uma interessante espécie de relação de amor e ódio, sempre tivemos”, especificouSLASH. O modus operandi do Guns N’ Roses ruiu e não mais retornou, com Axl mais e mais distante dos demais membros, que também não se confraternizavam da mesma forma que antes. “A tendência de Axl de se comunicar através da direção prosseguiu quando ele retornou de Chicago (para Los Angeles) até os meus últimos dias na banda”, expôs SLASH.


Até mesmo a relação com Izzy não ia bem para o guitarrista-solo. Slash o deixou furioso ao passar pelo apartamento do colega e deixar marcas de sangue quando injetou drogas antes de ir para o velório da própria avó, que morrera e o deixou emocionalmente abalado. “(Izzy) Tinha toda razão para estar possesso”, admitiu Slash. “Hoje, analisando esses acontecimentos, percebo como eu era insano e autodestrutivo, mas naqueles tempos não me dava conta disso”, emendou.

O guitarrista ilustra que não fossem alguns shows agendados para abrir para o Rolling Stones o Guns talvez tivesse sido morto pela ‘inércia’. Mas naquele instante Slash teve um pico do uso de DROGAS, obrigando a própria mãe a orientá-lo a ligar para David Bowie – um antigo conhecido dela – para receber conselhos do experiente músico. A situação se agravou quando Axl implicou com os colegas Steven e Slash pelo uso de heroína. “Há gente demais entre nós dançando com ‘Mr. Brownstone’”, disse o vocalista durante o primeiro show de abertura aos Stones.

Ainda assim Axl aceitou realizar os demais shows, que foram um lampejo de felicidade aos californianos de criação. “Os Stones nos assistiram as quatro noites, segundo eu soube, porque nós os fazíamos lembrar de si mesmos no começo da carreira”, enalteceu SLASH. Entretanto, o guitarrista e o baterista da banda se encontravam, segundo o próprio SLASH, ‘no fundo do poço’. “Axl teve toda a razão de impor suas condições. Aquele tipo de existência simplesmente não podia dar certo no nível em que estávamos. Quando se é prisioneiro da heroína, a vida não gira mais em torno da música. Eu me esquecera disso”, lastima.

Slash menciona que, devido à empolgação em cantar junto dos Stones, Adler até se sentiu motivado a querer a recuperação do vício em DROGAS. O próprio guitarrista foi aconselhado a se afastar da badalação da banda em Los Angeles e ficar num resort de golfe no Arizona para melhorar. No entanto, houve apenas o isolamento, porque Slash levaria coca e heroína suficientes para alguns dias.

O resultado não poderia ser outro; acabou causando um grande tumulto ao esmurrar um espelho na busca por atingir ‘animais’ que o perseguiam, em pura alucinação. SLASH acabara pisando nos cacos e, sangrando, correu nu pelo estabelecimento de recreação, ocasionando um verdadeiro alvoroço. O episódio quase custou uma prisão ao guitarrista, que regressou à Califórnia.

Assim que voltou, SLASH sofreu uma “intervenção” por um ‘comitê’ formado por várias pessoas envolvidas com o GN’R. No entanto, o guitarrista se disse irado com a presença de Adler no mesmo grupo, porque ele também estava extremamente viciado. “Era ridículo que Steven fizesse parte do comitê, porque ele precisava de reabilitação tanto quanto eu, senão mais. Encarei-o com um único pensamento: hipócrita”, disparou SLASH. O que se sucedeu foi uma internação mal-sucedida numa clínica em Tucson.

No decorrer do livro SLASH reitera que a fragmentação da amizade dos integrantes do Guns ocasionou o fim do grupo como todos conheciam. “Quando começamos a banda, nosso futuro dependia de nossa união forte e espontânea. Nossa atitude gerou uma leal camaradagem entre nós que é muito rara de se ver por aí. O sucesso acabou por fragmentar esse elo ao nos dar aquilo que queríamos e muito do que não precisávamos – tudo de uma só vez”, filosofou o guitarrista. “A sensação era de que havíamos nos esquecido de como fora divertido sermos nós”, completou. Frases como estas resumem muito da razão para o término do GN’R.

A história da banda traria ainda fatos como Slash substituir a heroína pela bebida alcoólica. Ele se unira intimamente ao baixista Duff para compor, mas continuava com preocupação a respeito de Adler. “Nosso caro Steven tornara-se um viciado compulsivo em DROGAS e achava-se num estado de completa negação. Ele nunca amadureceu para além daquelas fantasias do primeiro grau em torno do rock and roll, nem mesmo quando o risco de perdê-las estava bem diante de si”, analisa Slash.
O guitarrista garante que os membros da banda tentaram auxiliar o baterista a deixar os entorpecentes. “Fizemos o que pudemos para tentar colocá-lo de volta nos eixos, mas não se podia dizer nada a Steven”, explica. Izzy, Slash e Steven tiveram problemas sérios com cocaína e heroína, mas a diferença é que os dois primeiros conseguiram se recuperar. Seguidas internações do baterista não deram certo. “Steven escapou de clínicas de reabilitação 22 vezes”, enumerou Slash, para se ter noção do esforço feito.


ImagemÀ exceção do baterista, o Guns N’ Roses se uniu novamente, por um breve instante, suficiente para criar novas canções e trabalhar em composições existentes que iriam para os Illusions. “Naqueles momentos, a antiga energia voltava e tudo ficava excitante, elétrico”, lembra SLASH. O guitarrista enumera como quase todas as músicas do álbum duplo de 1991 foram trabalhadas, num verdadeiro deleite aos gunners.

Naquele instante houve um lampejo de união dos membros da banda. “Ficou claro que, tão logo reservamos um minuto e deixamos toda a besteira de lado, que nos reunimos sem hostilidade, recobramos a vibração, a química da banda”, descreveu SLASH, em um tom também de autocrítica. É na gravação dos "Illusions" que se reforçariam as diferenças depois irremediáveis entre os integrantes da banda. O guitarrista mostra descontentamento com a conduta de Axl em todo o processo.

Referências Bibliográficas:

Slash - Slash com Anthony Bozza
Wiplash.net