quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Metal Up Your Ass (parte 2)



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Em 1981, logo após o retorno da Europa e da turnê inglesa com o Diamond Head, Lars acompanhou todos os shows de Metal e Rock que podia na Costa Oeste dos EUA e durante uma apresentação do Michael Schenker Group no Country Club de Costa Mesa, ele vestia uma camiseta do Saxon quando um headbanger chegou e perguntou curioso se ele realmente gostava da NWOBHM ou era apenas um modista de plantão. Lars deu uma aula de conhecimento sobre a cena inglesa e os dois conversaram bastante naquela noite sobre tudo o que acontecia. O banger em questão se chama Brian Slagel e é uma peça importante na história do Metallica para os próximos anos.



Slagel, na época, trabalhava em um fanzine chamado The New Heavy Metal Review e começou a planejar o lançamento de sua própria gravadora (que viraria a famosa Metal Blade) com uma compilação de várias bandas locais, um disco chamado Metal Massacre que pudesse abrir as portas para uma cena começando a surgir na Califórnia no começo dos anos 80. Lars viu nesse disco a grande chance de sua vida e encheu o saco de Brian para que ele reservasse uma faixa da coletânea para sua banda que nem existia ainda. Slagel meio na brincadeira mas contente com a empolgação do amigo, concordou, afinal parecia impossível aquele jovem dinamarquês trazer alguma coisa em tão pouco tempo (o lançamento do disco seria em questão de meses), começando do zero.

Sem perder um minuto, Lars se lembrou daquele jovem garoto cheio de espinhas e sonhos que conhecera alguns meses antes, o tal James Hetfield, e entrou em contato em 28 de Outubro de 1981 com uma oferta irrecusável, afinal, eles teriam finalmente um espaço para a divulgação do trabalho, que para falar a verdade sequer tinha começado. James aceitou montar a banda e gravar alguma coisa para o Metal Massacre mas torcia muito para que durante o último ano, Lars – o tenista, tivesse treinado bastante seus dons na bateria.

Sem dinheiro para grandes investimentos, os dois decidiram gravar uma música simples chamada Hit The Lights (baseada em um riff composto por James e claramente influenciada pela letra de Shoot Out The Lights do Diamond Head) em um gravador barato no porão da casa dos Ulrich. Lars ficou na bateria, James fez os vocais, tocou baixo e a guitarra base, enquanto seu amigo, Lloyd Grant – um guitarrista negro com influências mais voltadas ao Blues - fez os solos. A idéia inicial por sugestão de Brian, era apenas James tocar as duas guitarras fazendo um overdub (ou seja colocando o som de uma guitarra por cima da outra e enriquecendo a base durante os solos) mas os primeiros experimentos não deram muito certo e James chamou Lloyd por este ser um guitarrista mais voltado às improvisações.

Brian aprovou a gravação e até se surpreendeu com o potencial dos músicos mas uma grande dúvida pairou no ar quando ele pediu o nome da banda para colocar no disco. Uma coisa tão óbvia e ao mesmo tempo tão esquecida por James e Lars: afinal, qual era o nome da banda?

Antes de chegar ao nome definitivo, os integrantes pensaram em Thunderfuck (cortesia de um amigo de Lars chamado Tony Taylor), Helldriver (baseado na música do Accept), Leather Charm (ressuscitando o nome da antiga banda de Hetfield), Red Veg, Blitz, Steeler e Grinder (os dois últimos, vindos do Judas Priest) mas e o “Metallica”?

O nome “Metallica” como algo relacionado ao Heavy Metal, apareceu pela primeira vez em um livro chamado Encyclopedia Metallica, publicado pela Omni Press em 1981 e escrito pelos jornalistas ingleses Brian Harrigan e Malcolm Dome. O livro era um resumo da primeira década do Metal (1970 até 1980) e trazia uma lista das bandas com seus respectivos discos lançados até o momento.

Mas até o nome chegar à banda de Los Angeles, o caminho foi um pouco mais extenso e através de dois amigos bangers de Lars: Ron Quintana e Ian Kallen. Ambos lançariam um novo fanzine sobre Heavy Metal nas semanas seguintes em Los Angeles e fizeram uma lista de nomes para escolher em uma votação com os colaboradores do projeto. O nome vencedor desta eleição foi “Metallica” (provavelmente tirado do livro), mas Lars adorou a expressão e a força e, sem perder tempo, sugeriu que o nome Metal Mania soaria bem melhor para um fanzine. Quintana e Kallen, sem perceber as segundas intenções na história, concordaram e Lars afanou o nome vencedor para sua banda.

Com o nome e a música gravada, Slegel finalmente soltou o Metal Massacre, primeiramente com apenas 4500 cópias impressas e também contando com as bandas Steeler, Bitch, Malice, Ratt, Avatar, Cirith Ungol, Demon Flight e Pandemonium.

A primeira edição do Metal Massacre foi um sucesso e caiu no gosto dos headbangers norte-americanos sedentos por uma cena forte já que até então, os EUA apenas se rendiam ao talento do Heavy Metal europeu, especialmente inglês e alemão. O único problema do disco foi certa falta de cuidado na produção dos encartes pois registraram errado o nome da banda e dos integrantes. Metallica virou Mettallica e Lloyd Grant virou Llyod Grant. Infelizmente, Slagel não teve dinheiro suficiente para corrigir o erro na gráfica e o álbum chegou ao mercado assim mesmo.

Com a boa repercussão do Metal Massacre, o Metallica precisava estabilizar uma formação e fazer o máximo de shows para divulgar o seu material. Lars Ulrich continuou na bateria, James Hetfield, apesar de alguns dilemas particulares em não conseguir cantar e tocar ao mesmo tempo, seguiu como vocalista e guitarrista base; Para o posto de baixista, James chamou seu colega de quarto e velho amigo, Ron McGovney e para a guitarra solo, bom, nem James e nem Lars estavam satisfeitos com o trabalho de Lloyd Grant, mais voltado ao Blues de raiz e ele foi demitido em Janeiro de 1982. A idéia inicial era ter James apenas como vocalista e Lloyd faria dupla com outro guitarrista nos shows (estilo Iron Maiden), mas Grant saiu, James voltou às guitarras e, para complementar, a banda colocou um anúncio novamente no Recycler em busca de outro guitarrista. Vários candidatos se apresentaram mas um em questão chamou a atenção pela sua técnica e vontade, um cara chamado David Scott Mustaine. Aliás, Hetfield e Mustaine já se conheciam dos bares em LA.

Nascido em 13 de Setembro de 1961, Dave era uma figura conhecida da cena californiana pela sua habilidade nas 6 cordas mas também era bem lembrado pelas suas bebedeiras e exageros, isso sem contar do bico como traficante de drogas. No começo de 1982, Mustaine era guitarrista da banda Panic mas saiu assim que soube do novo emprego no Metallica.



O novo quarteto gravou uma demo (raríssima de encontrar hoje em dia) chamada Power Metal com uma nova versão de Hit the Lights e os covers de Let it Loose do Savage e Killing Time doSweet Savage. Essa nova Hit The Lights é a que aparece atualmente nas reimpressões em CD do primeiro Metal Massacre. A versão original, um pouco mais lenta e menos trabalhada, você só encontra nas cópias originais impressas em vinil nos anos 80 mesmo.

O primeiro show oficial aconteceu em 14 de Março de 1982 no pequeno Radio City, em Anaheim para mais ou menos 75 pessoas. O set desta apresentação foi basicamente composto de covers do Diamond Head e outras bandas da NWOBHM mais a própria Hit the Lights. Os primeiros shows do Metallica destacavam o nervosismo dos integrantes da banda e a falta de experiência nos palcos com Mustaine estourando as cordas da guitarra com certa freqüência, Lars errando o ritmo na bateria e James esquecendo algumas de suas próprias letras.

O Metallica compensava o nervosismo e a ansiedade com muitos ensaios e boas composições novas. Mais uma vez, Brian Slagel confiou no potencial e deu uma força à banda: ainda em 1982, o Saxon, já uma banda conhecida, faria sua turnê de divulgação do álbum Denim and Leather nos EUA e tocariam 4 shows em um bar chamado Whiskey A-Go-Go, dois sets por noite. Slagel, já mais conhecido e respeitado na cena Metal da Costa Oeste pelo seu Metal Massacre (que depois virou uma série de discos), conseguiu para oMetallica a abertura dos dois shows no dia 27 de Março.

ImagemNa verdade essa história também tem uma segunda versão que nos conta sobre a amizade entre Ron McGovney e alguns integrantes do, então desconhecido, Mötley Crüe, mais precisamente Tommy Lee e Vince Neil. Por incrível que pareça, na época o Mötley ainda era uma banda de Metal e Ron, um dia conversando com os dois, comentou que o Saxon viria para Los Angeles e que eles estavam interessados em abrir esse shows. Lee e Neil comentaram que também gostariam de abrir mas que a banda estava crescendo demais, mas de qualquer forma eles conheciam a garota do Whiskey A-Go-Go responsável pelo agendamento dos shows, e dariam uma forcinha apresentando Ron. Com a popularidade do Crüe em alta, Ron agradeceu a ajuda e conseguiu mostrar a demo Power Metal. No dia seguinte, ligaram para o baixista e elogiaram muito o som do Metallica: eles conseguiram a disputada vaga para a abertura dos shows.

Era a primeira grande oportunidade ao vivo e foi a primeira vez em que a banda tocou algumas músicas que logo se transformariam em verdadeiros clássicos do Heavy Metal como Metal Militia e Jump in the Fire.



Brian Russ, hoje um senhor de 42 anos e criador do siteBNR Metal Pages (http://www.bnrmetal.com), tem algumas memórias desta época da banda: “Em 1982, eu vivia no norte da Califórnia e o Saxon estava em turnê e tocaria em Los Angeles (mais ou menos a 6 horas de carro). Meu amigo estava louco para ir e queria que eu fosse com ele. Eu disse que não (provavelmente porque tinha de trabalhar, não lembro agora), e ele foi com seu irmão assistir ao show. Quando perguntei como tinha sido, ele disse que o Saxon foi legal mas achava que eu iria me interessar pela banda de abertura, que era oMetallica. Ele falou sobre o excelente guitarrista (Dave Mustaine – claro que nós não sabíamos os nomes até então), o “não tão bom” vocalista (James Hetfield - cuja voz ainda não era desenvolvida), e deve ter dito alguma coisa sobre o baixista (Ron McGovney). Se esse não foi o primeiro show do Metallica, foi um dos primeiros, talvez a primeira vez que eles abriram para uma banda grande como o Saxon. Eu ainda me arrependo de não ter ido àquele show.”

O setlist da primeira apresentação contou com Hit the Lights, Jump in the Fire, Helpless, Let it Loose, The Prince e Metal Militia. A segunda apresentação da noite contou com uma música a mais, o cover Sucking My Love. O detalhe destes dois shows, o primeiro com os 400 ingressos esgotados e o segundo com um público de 250 pessoas, é que Ulrich e Cia. não conheceram os integrantes do Saxon, trancados no camarim até a hora de subir ao palco, talvez algum estrelismo por parte dos ingleses?

A banda ainda não estava afiada, como lembra Slagel até hoje, mas em alguns meses uma fita pirata com a gravação destes shows se tornou a verdadeira coqueluche no circuito de troca de fitas cassete.

O começo era promissor e a banda aproveitou para tocar no maior número possível de bares em Los Angeles. Para consolidar o momento, Lars guardou uma grana e fez alguns milhares de cartões de visita já com o famoso logo desenhado por Hetfield (o METALLICA com o “M” e o último “A” pontudos) e os dizeres “Power Metal” (idéia de Ron) embaixo junto com o número de telefone para contatos da banda.


O set dessas primeiras apresentações contava com as mesmas músicas do show do Saxon mais várias covers do Diamond Head e a música Blitzkrieg da banda inglesa de mesmo nome. Sobre esta última, como ninguém conhecia os ingleses e todos adoravam a composição, Lars dizia que era do Metallica mesmo.
O fanatismo de Lars Ulrich pelas bandas da NWOBHM gerou situações curiosas nesses primeiros shows já que muitos covers apresentados no palco ainda não tinham uma versão oficial de estúdio pelos seus grupos originais. A confusão acontecia porque Lars puxava muito material de fitas demo, singles e EPs, às vezes até mesmo caseiros das bandas ou disponíveis apenas no circuito de troca de fitas, sem uma gravação oficial. A música Let it Loose do Savage, por exemplo, só apareceu pela primeira vez em disco em 1983 quando a banda lançou o Loose ´n´ Lethal mas o Metallica já tocava o cover em shows desde meados de 1982. A já citada Blitzkrieg só apareceu oficialmente pela banda de mesmo nome em 1985 mas o Metallicatambém a tocava desde 1982 e pior, os californianos lançaram uma gravação oficial da música primeiro, em 1984 juntamente com o single de Creeping Death, o famoso Garage Days Revisited (não confundir com o álbum completo de covers lançado em 1987 chamado Garage Days Re-revisited).

Esse fato gera algumas contradições com o caso Napster envolvendo a banda quase duas décadas depois. Será que as fitas que Lars trocava com seus amigos na época também não podem ser consideradas pirataria?

O pior caso, com certeza, aconteceu com Killing Time. Essa era outra cover que o Metallica tocava nos shows desde 1982 mas a versão oficial pelo Sweet Savage, só deu as caras em...1996 (não é brincadeira!).

O sucesso nos bares do underground chamou a atenção da imprensa local. O Los Angeles Times escreveu ainda em 1982 que o Metallica era a melhor coisa surgida no Rock em um longo período.

Apesar desta ponta do iceberg, a banda ainda não agradava a todos com seu som inovador, rápido e cru. Em um show no antigo colégio americano de Lars, o Backbay High School, o Metallica conseguiu esvaziar o salão onde tocavam em pouco mais de meia hora.


Imagem
Em compensação, uma outra noite a banda foi convidada para abrir o show dos suíços doKrokus, de passagem por Los Angeles. Na última hora, o Krokus desistiu da apresentação sabe-se lá por quê e oMetallica teve de lidar com uma platéia enfurecida pela falta de respeito dos europeus. Mas James, Lars, Dave e Ron não se abateram e fizeram um show mágico em um setlist com várias músicas, então inéditas, e alguns covers. A platéia não acreditava no que via em cima do palco e a recepção foi tão boa que esta noite ficou conhecida como “A Noite do Metallica”, a primeira vez em que a banda realmente superou todas as expectativas e conquistou seus primeiros fãs.



Referências Bibliográficas:

BNR – Metal Pages. http://www.bnrmetal.com
Encyclopedia METALLICA. http://www.encycmet.com
Metallica Official. http://www.metallica.com
PUTTERFORD, MARK. METALLICA In Their Own Words. UK: Omnibus Press, 2000
RUSSELL, XAVIER. The Definitive METALLICA. UK: Omnibus Press, 1992
McIVER, JOEL. Justice for All: The Truth About METALLICA. USA: Omnibus Press, 2004
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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Slash e Guns N' Roses (meio).


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Para Slash, Axl era fundamental no começo do Guns N’ Roses. “Axl sempre era capaz de pegar uma melodia simples de Izzy e transformá-la em algo fantástico”, destaca. Ao longo do livro o guitarrista se equilibra entre críticas e elogios ao vocalista, o que demonstra resquícios de uma amizade adormecida – com certeza o elo que seria necessário para uma sonhada volta da formação clássica do Guns N’ Roses.




Depois Slash assumiria ter adotado uma postura “arrogante” com o músico Paul Stanley (do Kiss), durante um curto tempo em que o consagrado músico de cara pintada esteve metido com os bastidores da banda. Isso demonstra uma autocrítica do guitarrista, importante ao se contar histórias tão controversas e discutidas quanto as vividas no GN’R.

“O estilo de vida ligado às drogas era uma realidade dominante para nós e desempenhava papel principal em tudo o que fazíamos àquela altura”, detalha Slash, sobre o momento compreendido entre o fechamento de contrato com a Geffen e a gravação do álbum "Appetite For Destruction", que deu o ‘start’ para a primeira turnê da banda.
O guitarrista atribui os efeitos dos entorpecentes como ‘inspiradores’ para alguns dos membros do grupo. “Quando acontecia de conseguirmos a droga, Izzy e eu compúnhamos um bocado porque, naquela época, a heroína era um grande catalisador para nós”, relata. “Tão logo ficávamos altos, Izzy e eu começávamos a tocar de improviso e a trabalharem nossas ideias, criando riffs para lá e para cá”, acrescenta Slash.

Dessa forma, depois que Stradlin deixou de utilizar drogas e houve a sua saída do Guns em 1991, a criatividade nas guitarras do GN’R nunca mais seria a mesma. Tanto é que nenhuma música inédita seria lançada pelo mesmo grupo após o lançamento dos discos "Use Your Illusion I" e "Use Your Illusion II". Nesse ponto, a falta de produção da banda quanto às guitarras nada tem a ver com Axl.

Depois viria a entrada do empresário Alan Niven, que tinha no currículo a intermediação do contrato dos Sex Pistols com a EMI. Em seguida, o GN’R lançaria o EP "Live Like a Suicide". Em tal época, Slash enfrentava o vício da heroína, extremamente mal visto por Axl. “Ela é o diabo. E tão atraente e sedutora que transforma uma pessoa num demônio desonesto e traiçoeiro. Ser um viciado é algo parecido com o que imaginamos que seja um vampiro”, descreve o guitarrista. O inconveniente das drogas e também do álcool, por parte de Slash, é sempre citado por Axl como um dos fatores de distanciamento dos dois.



Em determinado momento, Slash conta que ele, Duff e Izzy eram os “ratos de esgoto”, porque saíam para inúmeros clubes e bares ,ao contrário de Axl, que sempre foi mais “sofisticado” e não costumava “apagar” como os três durantes as baladas devido à mistura explosiva de álcool e drogas.

Também em várias partes do livro, Slash desmistifica algo aparente para muitas pessoas, que acreditam que após o tecladista Dizzy Reed ingressar na banda e Steven dar lugar à bateria de Matt Sorum, o Guns produziu músicas menos pesadas, registradas nos álbuns duplos "Use Your Illusion". Canções como “Dont Cry” e “November Rain”, entre outras, começaram a ser compostas e ensaiadas ainda na época do seminal "Appetite For Destruction". “You Could Be Mine”, “Dead Horse” e a cover para “Knockin’ On Heaven’s Door” são também do mesmo periodo, apenas para se ter ideia da complexidade da história e da sonoridade do GN’R.

Em seguida Slash explica a passagem trágica em que viu o melhor amigo morrer em seus braços devido a uma overdose. O guitarrista narra que mesmo sendo a pessoa que tentou salvar o camarada, acabou se tornando vilão na visão da família do jovem falecido.

O lançamento de "Appetite For Destruction", no dia 21 de julho de 1987, é um marco no livro. Slash descreve como a banda passou de uma incógnita adorada pelo underground de Los Angeles a um sucesso internacional. Da turnê com o The Cult à rápida relação com o Metallica, Slash conta que a “camaradagem” era grande quando o álbum começou a ser assimilado pela crítica e o público. Ele credita a falta do companheirismo ao término da formação clássica da banda.

Aí vieram os shows de abertura para o Aerosmith na Europa e finalmente o grupo se tornou o principal de uma turnê. Mesmo aparentando apego a Izzy, Slash não deixa de, em dado instante, criticar o colega de guitarra. “Izzy era o Grande Instigador. Era capaz de semear a discórdia sem se envolver”, dispara, citando desentendimentos com uma pessoa com a qual conviveram na época. Tudo isso no capítulo “Com o Pé na Estrada”.

Em outubro de 87 a banda encerrara a turnê de AFD e, na visão de SLASH, estava se solidificando cada vez mais. A razão era a sintonia com Izzy nas guitarras, a de Duff e Steven compondo a dupla do ritmo e Axl com sua grande energia. Na sequencia vieram as primeiras aparições na recém-criada MTV.

“Foi a nossa primeira exposição de verdade, penetrando lentamente na consciência coletiva”, classifica o guitarrista. A seguir a trajetória do Guns inclui shows de abertura nos Estados Unidos para o grupo Mötley Crue, que Slash considera como “a única banda de Los Angeles que surgiu do cenário do glam rock que era 100% autêntica”. Aliás, muita farra seria registrada na companhia de Nikki e Tommy.

E haveria ainda apresentações na companhia de ninguém menos que Alice Cooper. Entretanto, é nesta ocasião que Axl causaria um imenso constrangimento aos quatro colegas de banda. O vocalista optou por ir depois dos companheiros em um carro com a namorada, ignorando a opinião contrária do empresário e dos músicos da banda. Slash, Izzy, Duff e Steven esperaram até o último instante e tiveram de subir ao palco sem a presença de Axl. Além de terem de improvisar músicas cover enquanto o vocalista não aparecia, os componentes do GN’R chegaram ao ponto de perguntar se havia algum cantor disponível na plateia. “Acabamos insultando o público e atirando coisas nele. Foi ridículo”, avaliou o guitarrista, sem ‘meias palavras’. Depois que Axl não apareceu, os demais músicos do grupo deixaram o palco e voltaram para Hollywood. “Tão putos da vida que só falávamos em chutar Axl da banda ainda naquela noite e procurar outro vocalista”, conta Slash. Ele faz alusão, surpreendentemente, ao tanto de vezes que a possível expulsão do vocalista foi cogitada.

“O assunto de demitirmos Axl surgiu umas seis vezes, completamente a sério, durante o ciclo de vida da banda”, revelou Slash. Na sequencia ele relata que, no caso citado acima, o vocalista ainda agiu como se nada de errado tivesse provocado. “O espantoso em Axl é que ele não entendia, em situações como aquela, que havia feito algo errado, não se mancava”, criticou.

Slash ainda filosofa ao tentar descrever o controverso colega de banda. “Existem certos protocolos que Axl não segue. Uma vez que não habita o mesmo espaço mental que as outras pessoas, as normas aceitáveis não lhe ocorrem”, aponta o guitarrista. “Axl é super-inteligente e, ainda assim, vive num lugar onde a lógica que governa outras pessoas não se aplica. Não se dá conta do inconveniente que suas escolhas podem ser para os outros”, emenda Slash. Tal consideração pelo colega explicaria muito dali em diante...

O percurso do Guns N’ Roses traria a seguir shows de abertura para o Iron Maiden em 1988. O próprio Slash comentaria sobre o inusitado: “Não ficamos assim tão empolgados com a ideia, uma vez que não achávamos que formávamos a combinação perfeita”, admite. O guitarrista mostrou respeito aos ingleses, mas não os isentou de críticas. Ao dizer que o álbum "Seventh Son f a Seventh Son" fora um grande sucesso, Slash ridiculariza a apresentação de palco do Maiden. E ainda lembra de um ‘chilique’ de Axl que culminaria em uma “inquietante tensão” entre as bandas.

O guitarrista passa então a citar novos deslizes do vocalista, como ausências propositais em shows e reuniões da banda. Slash não perdoou o colega: “Falta de consideração de Axl”. Em seguida, após o cancelamento de parte da turnê em que estavam, os membros do GN’R partiriam para abrir apresentações do então renascido Aerosmith.

O poderio alcançado pelo Guns, mesmo com as intempéries de Axl, pode ser medido por algumas palavras de Slash. “Estava claro que, apesar dos sucessos do Aerosmith nas rádios, logo nós nos tornamos a atração principal. Aconteceu muito depressa, graças à exibição constante da MTV de “Sweet Child O’ Mine”, disse o guitarrista, sem falsa modéstia. Tanto é verdade que um jornalista da Rolling Stone havia sido designado para fazer uma reportagem de capa sobre o Aerosmith, mas depois de observar a reação do público e vendo o GN’R tocar ao vivo, optou por colocá-los no lugar do grupo de Tyler e Perry.



Foi nesta turnê de 1988 que o Guns assistiria a duas pessoas morrerem pisoteadas no festival Monsters Of Rock, em Castle Donnington (Inglaterra). “Axl parou o show algumas vezes num esforço para controlar a multidão, mas não havia como acalmá-la”, descreveu o guitarrista.

O ponto a que o GN’R chegara assustava Slash. “A verdade é que o que sempre quisemos fazer foi ficar acima das bandas idiotas de ‘hair metal’, que desfrutam sucesso não merecido por sua existência medíocre”, atacou. “Mas, antes que me desse conta, foi onde aterrissamos quase da noite para o dia”, ponderou. O sucesso alcançava países como Austrália, Nova Zelândia e até o Japão, onde Slash disse ter tido um “tremendo choque cultural”.

A fama beirava o auge, tanto que Slash contou ter realizado um sonho: comprou uma guitarra Les Paul de 1959 de Joe Perry, a mesma que o guitarrista do Aerosmith usava em um pôster que ele tinha na parede de seu quarto quando criança. Depois o músico ainda relataria que a Gibson faria uma guitarra em sua homenagem – a “Slash Signature” –, réplica de uma comprada por ele, modelo Standard, em 1988. “Levando em conta que fizeram o mesmo por Jimmy Page (do Led Zeppelin), sinto-me honrado”, considerou.

Referências Bibliográficas:

Slash - Slash com Anthony Bozza
Wiplash.net

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Pedras que rolam não criam limo - Rolling Stones, o espelho de sua época.


Os Rolling Stones são vistos, principalmente pelo público americano, como a maior banda de rock 'n' roll do mundo. Realmente, quando eles tocam puro rock 'n' roll, não há banda igual. Existem bandas mais pesadas, mais habilidosas, até mais criativas. Porém nenhuma toca o ponto nevrálgico do rock 'n' roll como os Rolling Stones.

Na década de sessenta, mais do que uma geração hippie e uma revolução musical, dois termos a tempos já tornados clichês para a indústria vender discos e quinquilharias, houve de fato uma revolução jovem, cortando uma linha bem definida entre a velha geração da Segunda Guerra e seus valores, e uma nova geração que buscava libertação dos traumatizados pós-guerras. Os pilares desse "movimento", mesmo que inconsciente para alguns dos seus "ativistas", foram Bob Dylan, os Beatles e os Rolling Stones. Por isso, falar de qualquer um desses três obriga também a falar em influencias em um contexto social. Muitos intelectuais agiriam para que a contracultura deslanchasse politicamente. Nomes como Abbie Hoffman, Jerry Rubin, Bobby Steale, e Angela Davis, são apenas alguns que fizeram as pessoas pararem para pensar diferente. Mas foram os Beatles, os Rolling Stones e Bob Dylan, através da música, que refletiram todas as tendências que repercutiriam entre a grande maioria dos jovens do primeiro mundo e em seguida, no resto do planeta.



Essa revolução se fez presente não só através da música, mas através da arte, dos cabelos, das roupas e principalmente da atitude. Os jovens intelectuais, inflamados pela música e motivados pela literatura de poetas Beatnicks, viam os recentes acontecimentos como um sinal positivo. Até então, depois da fase escolar, você não tinha muitas opções. Em geral, os homens trabalhavam, preferencialmente seguindo a profissão do pai, onde, como ele, se endividavam até a aposentadoria. O papel da mulher, na maioria dos casos, era restrito ao lar, e sua felicidade se resumia a uma cozinha nova e aparelhos domésticos, modernidades rapidamente assimilada pelas classes graças ao "boom" industrial. Com a necessidade de usar mão-de-obra feminina em função da ausência de homens no mercado, quase todos lutando na guerra, a mulher começa a tomar noção da extensão de suas aptidões. Quando a guerra acaba, nem todas voltam felizes para os fogões. A Segunda Guerra oferece uma contagem de corpos sem precedentes, gerando um desequilíbrio na quantidade de crianças em relação à de adultos masculinos. Tal desequilíbrio intitularia o período como "a era do baby boom". Olhando para trás, com a guerra acabando em uma nuvem de fumaça em formato de um cogumelo, é compreensível que a geração seguinte não tivesse uma maior preocupação com o futuro. A infância durante essa guerra transformara o conceito de segurança e futuro em concepções abstratas.

Revolução de Costumes

o atingir a adolescência, eles se embalavam ao som do rock n' roll com uma noção, em maior ou menor consciência, de que o mundo poderia acabar no apertar de um botão. Dito isso talvez fique mais claro porque tanta coisa aconteceu na década de sessenta, quando essas crianças entraram na maior idade. O movimento feminino, o movimento pacifista, a revolução sexual, um questionamento irrestrito sobre todos os padrões de comportamento e algumas repostas postas em pratica através de diferentes tipos de comunidades alternativas. Evidentemente criou-se uma maior distância entre as gerações, e atritos foram a tônica da década. Essa distância ou atrito ganhou o nome de "generation gap", ou seja, o vácuo entre a mentalidade da geração velha e a nova. Os jovens agora tinham uma música distintamente à parte da música dos adultos, surgia a arte pop, que através do humor e critica, agredia visões tradicionais, vestuários que, com o surgimento da mini-saia e do bikini, trouxeram à tona roupas que chocavam em concepção, cor e sex-appeal. Viver em Londres em '65, a "Swinging London", outro clichê hoje em dia, era ter a convicção absoluta de que a nova mentalidade certamente iria derrubar a velha e decadente civilização ocidental para que uma nova fosse criada no seu lugar. Porém, sem uma real filosofia mais bem definida e pouca noção de limite, moral ou substância, a subversão social em alguns anos seria totalmente tragada e absorvida pelo sistema, em parte através das boutiques e da violenta dependência química.

Afora a lucidez de uma pequena parcela de hippies, nome que deriva da gíria beatnick "hip" para determinar alguém consciente ou "por dentro das coisas", a grande nação hippie, na prática, era bastante alienada, apesar do seu discurso sobre "uma consciência universal". Como confirmaria John Lennon no final daquela década, com iluminada precisão, "O sonho acabou." Quanto ao quinhão dos ROLLING STONES, qual a sua parte e como é que tudo iniciou?



Referências Bibliográficas:

Vida- Keith Richards (livro caro pra caralho)
Wiplash.net

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Metal Up Your Ass (parte 1)

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Automaticamente quando pensamos no nome Metallica, duas associações vêm direto à cabeça: a primeira é a fortuna acumulada pela banda nos seus mais de 20 anos de história e os diversos paradigmas quebrados por alguém que investe em um som pesado (se a banda ainda pratica esse som é uma outra história mas efetivamente, até pelo menos 1994, praticava).


A segunda associação, aproveitando o gancho, é justamente toda a mudança que caracterizou o METALLICA nos últimos anos (ou na última década), seu flerte excessivo com a MTV, sua mudança sonora, a atitude, os problemas e brigas internas.

Escrever sobre o METALLICA é uma grande paixão mas também uma baita responsabilidade. Em primeiro lugar porque eles são os caras que me levaram ao Heavy Metal e por que seguem imbatíveis como a melhor banda de Metal de todos os tempos, na minha opinião. Não gostar da banda pelo que eles fazem atualmente é uma atitude compreensível mas deixar de respeitá-los é uma tolice afinal, o “Kill´Em All”, “Ride The Lightning”, “Master of Puppets”, “...And Justice for All” e o “Black Álbum” (para não contar o “Load” que também considero um grande trabalho) são, no mínimo, álbuns revolucionários e fundamentais em seus contextos.

Para fugir do lugar comum, o objetivo desta matéria é deixar um pouco de lado a polêmica carreira da banda após a consolidação do sucesso, afinal essa parte da história todo mundo sabe e explorar os primórdios do METALLICA, suas raízes e a rápida ascensão ao trono da Bay Area de San Francisco até olançamento do “Kill´Em All” em 1983. Pessoas que começaram com covers da NWOBHM e abriram as portas para o movimento de uma das mais importantes vertentes do Heavy Metal nos anos 80: o Thrash Metal.

A história do METALLICA, ao contrário do que muitos pensam, não começou na costa Oeste dos Estados Unidos e sim do outro lado do oceano atlântico, na capital da Dinamarca, Copenhague, onde nasceu o baterista Lars Ulrich em 26 de Dezembro de 1963, filho do razoavelmente bem sucedido tenista Torben Ulrich.

Torben ganhou alguns títulos de menor expressão no circuito e classificou-se em 1976, aos 48 anos, como o melhor tenista na categoria “sênior”. Apesar da vida de esportista, o patriarca dos Ulrich sempre apreciou a boa música e manteve ligações estreitas com o Jazz e o Rock, tanto que ainda nos anos 50 foi proprietário de uma casa de Jazz em Copenhague onde também tocava com sua própria banda.



O pequeno Lars conviveu diretamente com os dois lados do pai: ainda criança se mostrava muito promissor com as raquetes e ganhou alguns torneios infantis, oscilando entre os números 10 e 15 do ranking infanto-juvenil dinamarquês. Mas a sua vida mudaria totalmente em fevereiro de 1973, quando Torben hospedava alguns amigos hippies em sua casa e eles resolveram assistir a uma apresentação do Deep Purple em Copenhague. Um dos amigos desistiu em cima da hora e o nosso Lars, então com 9 anos de idade, pegou o ingresso que mudaria a sua vida.



Logicamente, uma criança de 9 anos não entende muito bem o que se passa em cima do palco de um show de Rock mas Lars hipnotizou-se pelo modo como o guitarrista Ritchie Blackmore jogava sua guitarra para o alto e fazia seus solos.

Nos dias seguintes à apresentação, Lars começou sua coleção pessoal de discos com o Fireball do Deep Purple e em pouco tempo se tornou um daqueles fanáticos colecionadores de itens do BLACK SABBATH, Thin Lizzy e qualquer banda que soubesse unir os primórdios do Heavy Metal com a veia Blues. Sempre que podia, Lars acompanhava o pai nas viagens do circuito de tênis e, desta forma, também comprava discos raros e aumentava a coleção com exemplares de toda Europa.

Apesar de toda a paixão crescente pelo Rock, a primeira tentativa com instrumentos musicais só aconteceu em 1976 quando o jovem Ulrich ganhou um kit de bateria de presente dos seus avós. No começo ele gostou de seu novo “brinquedo”, mas com o passar dos meses Lars empenhou-se (por vontade – ou imposição - dos pais) a seguir carreira como jogador de tênis profissional.

Como a Dinamarca não oferecia muitas oportunidades de crescimento ao filho, Torben mandou Lars para treinar nos EUA em 1979, primeiro para uma renomada academia de tênis na Flórida.

Lars se dedicava ao esporte com duros treinamentos diários de 8 horas, mas também não esqueceu da velha paixão em colecionar discos de Rock e aproveitou sua viagem aos EUA para adquirir alguns lançamentos especiais que só saíram na terra do Tio Sam.

Ao regressar à Dinamarca para as férias, ainda em 1979, Lars conheceu um cara chamado Ken Anthony, proprietário de uma loja de discos em Copenhague e uma das grandes cabeças da cena Heavy Metal dinamarquesa. Ken apresentou o álbum Survivors do Samson (antiga banda de Bruce Dickinson) para Lars e despertou seu fanatismo para a New Wave of British Heavy Metal, a famosa revolução que apenas começava no final dos anos 70. A partir de então, o futuro baterista se tornou um ávido colecionador de itens desta fase tão importante do Heavy Metal e até hoje é um de seus grandes entusiastas.

Alguns meses depois, em Março de 1980, Lars voltou novamente aos EUA para disputar um torneio de tênis na Flórida e, durante uma folga, entrou em uma loja de discos atrás do último lançamento de uma banda chamada Triumph. Foi quando ele reparou em um disco muito interessante, com uma espécie de caveira em sua capa e quando olhou o verso, segundo suas próprias palavras: “a ilustração do Eddie poderia ser de qualquer uma das 100 bandas que surgiam a cada instante mas as fotos dos shows ao vivo na parte de trás da capa realmente me impressionaram”. Logicamente, o disco em questão era o primeiro do IRON MAIDEN. Ele comprou o álbum mas não pôde ouvi-lo até sua volta a Dinamarca em Abril pois não tinha vitrola no seu alojamento nos EUA.

Assim que voltou à Dinamarca, Ken Anthony trouxe mais uma jóia ao conhecimento de Ulrich, o álbum Wheels of Steel do Saxon.

Em setembro de 1980, a família Ulrich esperançosa da brilhante carreira no tênis (!) para o filho Lars, resolveu se mudar permanentemente para os EUA e compraram uma bela casa no sul de Los Angeles.

Mesmo longe da explosão da cena Heavy Metal, Lars continuou em contato por carta com seus velhos amigos europeus para saber das últimas novidades e guardava com ele uma espécie de agenda onde anotava o nome de todas as bandas que surgiam e os seus registros, mesmo que fossem apenas fitas demo, piratas de shows ou coletâneas com uma única música. Nessa lista estavam nomes como Angel Witch, Blitzkrieg, Jaguar, Holocaust, Raven, Witchfinder General, Sweet Savage, Savage, Praying Mantis e o Diamond Head, esta última provavelmente a sua banda preferida em toda a história e uma das grandes influências do Metallica.

Lars era tão viciado na banda que começou a trocar correspondências (lembre-se que não tínhamos Internet para facilitar a vida) com a mãe do vocalista Sean Harris, Linda Harris, também co-empresária da banda, a respeito das últimas novidades. Para completar, quando Lars soube que o Diamond Head faria uma turnê européia no verão de 1981, não teve dúvidas: graças à boa saúde financeira de Torben, pegou um avião para assistir todas as apresentações da banda em solo inglês. Ainda não satisfeito, após assistir ao primeiro show, Lars conseguiu acesso aos backstages com Linda e impressionou a todos com informações que nem os próprios integrantes do Diamond Head sabiam (graças, novamente à dona Linda). O resultado é que o futuro baterista passou uma semana na casa do vocalista Sean Harris e mais uma semana na casa do guitarrista Brian Tatler. Aliás, os dois foram juntos assistir ao famoso festival Heavy Metal Holocaust encabeçado pelo Motörhead.

Essa convivência foi muito importante na vida do futuro criador do METALLICA, afinal Lars, pela primeira vez, tinha noção de como funcionava uma banda, as discussões internas e o trabalho de composição das músicas. Brian ainda se lembra como era o jovem Ulrich: “uma coisa que me impressionava era a forma como ele gastava dinheiro em discos. Eram centenas de Libras, mesmo sendo apenas uma criança, ele ia a lojas de discos e comprava pilhas e pilhas de coisas da NWOBHM (...). O mais engraçado é que ele nunca mencionou montar uma banda e não estou muito certo se ele era capaz de tocar bateria até então.” Após semanas convivendo com seus ídolos, Lars visitou sua cidade natal onde ainda teve tempo para conhecer alguns jovens na cena, o Mercyful Fate, e voltou para os EUA com a idéia fixa de montar sua própria banda.


A história de James Alan Hetfield é bem diferente do sonho vivido por Lars Ulrich. Nascido em 3 de Agosto de 1963 em Norwalk, Los Angeles, James cresceu em uma família tradicional da classe média norte-americana, a não ser pelo fato de que seus pais se divorciaram muito cedo.

Seu pai era um caminhoneiro e sua mãe, uma tradicional dona de casa que na juventude se destacou como cantora lírica. Ambos eram evangélicos rigorosos, daqueles que nunca faltam a uma missa e isso irritava o jovem James que começava a se questionar sobre a veracidade de seus valores, principalmente através de um fato por acontecer alguns anos depois.

Assim como Lars, James também era um fã de DEEP PURPLE, e fora muito influenciado neste começo pelo seu irmão 10 anos mais velho, David, baterista em uma banda cover de Hendrix - The Bitter End - no começo dos anos 70. David usava a garagem da casa da mãe para ensaiar com a banda e quando ninguém olhava, lá ia o pequeno James brincar com os teclados.



Pela influência da mãe, esperançosa em ver o filho se transformar em um pianista clássico, James teve dois anos de aulas de piano durante o ginásio até que ela desistisse de seu sonho e comprasse para o filho uma guitarra elétrica de 15 dólares, afinal segundo as próprias palavras do futuro guitarrista e vocalista: “eu queria fazer barulho, não estudar teoria”.



A desilusão na igreja e a aproximação com o Heavy Metal, em especial o BLACK SABBATH e suas letras, causaram grandes problemas na adolescência de James, particularmente com o seu pai: um tradicionalista não se conforma em ver o filho desviar do caminho da fé religiosa. Mas o pior aconteceu quando a mãe de James adoeceu de câncer algum tempo depois. Confiando na fé e nas orações como a única salvação, a família renegou todos os tipos de tratamentos médicos e o resultado foi o mais devastador possível: James perdeu sua mãe, por pura negligência familiar, aos 15 anos de idade.

O choque da perda foi enorme, especialmente pelos problemas já enfrentados com seu pai sobre a tal fé religiosa. James se isolou de seus familiares e amigos por bastante tempo e a relação com o pai nunca mais se normalizou. Os bons entendedores encontram referências ao acontecimento em diversas letras do METALLICA nas décadas seguintes, especialmente “The God that Failed” e “Until it Sleeps”, músicas explícitas sobre o assunto. O trágico episódio também gerou um apelido para James na escola por sua atitude isolada: a criança mais raivosa do mundo.

Assim que pôde, James saiu de casa e passou a se dedicar integralmente a música ainda nos anos 70. O primeiro show que ele assistiu foi no famoso Long Beach Arena em 1978 para ver o Aerosmith e o AC/DCcom o seu irmão. Na mesma época, James montou uma primeira banda chamada Leather Charm com alguns colegas do colégio, depois mudaram o nome para Obsession e tocavam nos colégios da cidade, sem grandes repercussões.

No Obsession, James escreveu as suas primeiras letras mas a pequena platéia que assistia às apresentações sempre preferia os covers, o que irritava bastante o jovem Hetfield, louco para alçar vôos mais altos. Os demais integrantes (os irmãos Veloz na bateria e no baixo e Jim Arnold na guitarra) preferiam se manter como uma banda de covers, afinal era o que agradava os fãs. Uma curiosidade do Obsession era o seu roadie principal: nada mais e nada menos que Ron McGovney, o futuro primeiro baixista do Metallica.

Após mudar de bairro e escola, James fundou sua terceira banda com os novos colegas, o Phantom Lord, com Hugh Tanner (escolhido por ser o único moleque da redondeza a ter uma guitarra Flying V), Jim Mulligan na bateria e, mais tarde, Ron no baixo. Muitos dos riffs das primeiras músicas do METALLICAnasceram nesta fase do Phantom Lord. A banda, inclusive, foi a primeira onde James cantou e tocou guitarra ao mesmo tempo.


Com o passar dos meses, o Phantom Lord mudou de nome e voltou a se chamar Leather Charm com James deixando a guitarra de lado para se concentrar apenas nos vocais. Entre as músicas tocadas pela banda, a preferida era o cover de “Remember Tomorrow” do primeiro disco do Iron Maiden.

O Leather Charm ainda registrou uma demo antes de terminar no começo de 1980, mas essa gravação é daqueles itens quase impossíveis de achar e vale alguns milhares de dólares.

Em 1980, finalmente os caminhos de James e Lars se cruzaram quando o futuro baterista, antes de sua viagem para a turnê do Diamond Head, colocou um anúncio em um jornal chamado Recycler, em busca de headbangers para formar uma banda séria, que valorizasse o Heavy Metal e seguisse carreira no gênero. Sem vacilar, James Hetfield e seu amigo Hugh Tanner responderam ao anúncio e marcaram uma primeira jam na casa de Lars. James estava tão empolgado com a possibilidade de uma carreira que cogitou a hipótese de retomar o trabalho do Leather Charm com Lars na bateria dependendo do andamento do encontro.

Infelizmente, este primeiro contato foi um verdadeiro fiasco já que Lars, como baterista, ainda era um belo tenista. Totalmente desiludido, James aconselhou o falante Ulrich a abandonar as baquetas para o seu próprio bem, virou as costas e foi embora. Os dois só se encontrariam novamente quase um ano depois.



Referências Bibliográficas:

BNR – Metal Pages. http://www.bnrmetal.com
Encyclopedia METALLICA. http://www.encycmet.com
Metallica Official. http://www.metallica.com
PUTTERFORD, MARK. METALLICA In Their Own Words. UK: Omnibus Press, 2000
RUSSELL, XAVIER. The Definitive METALLICA. UK: Omnibus Press, 1992
McIVER, JOEL. Justice for All: The Truth About METALLICA. USA: Omnibus Press, 2004
Wiplash - www.wiplash.net

Slash e Guns N' Roses (inicio).



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Em 2008 foi lançada no Brasil, pela Ediouro, uma obra literária seminal que elucida várias questões envolvendo o Guns N’ Roses e principalmente a relação entre o vocalista e o guitarrista do grupo, que responde pelo nome de Saul Hudson. É o livro "Slash" (por Slash e Antony Bozza), que aborda do início de sua carreira musical até a última turnê mundial pelo Velvet Revolver. Nesta série de matérias alguns trechos do livro serão comentados.



O livro traz revelações do que foi chamado de “todas as lendas sobre sexo,DROGAS e rock and roll” a respeito de Slash, incluindo sua trajetória desde a infância até o fim de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos. Na orelha do livro Slash frisa que não se trata de um desabafo, mas sim da história como ele conheceu e vivenciou. E um brinde aos gunners é a riqueza de detalhes acerca de sua vida, incluindo o envolvimento com as DROGAS e o álcool, além do porquê de sua saída do Guns N’ Roses – este sendo o ponto principal deste texto.


Antes de qualquer coisa é preciso ressaltar que o próprio músico nascido em Stoke-on-Trent (Inglaterra) e crescido em Los Angeles admite que seus relatos parecem “exagerados”, mas isso não significa que não aconteceram. Em dado momento da obra é afirmado por SLASH que Axl certamente possui outra visão/versão para os mesmos fatos vivenciados conjuntamente nos áureos tempos do GN’R.


A partir de agora serão esmiuçados os fatos que dizem respeito à relação de SLASH com seus ex-companheiros de Guns N’ Roses, cheia de especulações por muitos dos fãs da banda.
Steven Adler


Já no início do livro, Slash dá uma declaração que enaltece o baterista Steven Adler, expulso do grupo em 1990 em plena gravação do disco duplo "Use Your Illusion" por excesso de DROGAS. Slash afirma que deve tudo em sua carreira a Adler, que conheceu na escola aos 13 anos (1978). “É graças a ele que toco guitarra”, revela o músico, para quem o ex-baterista do GN’R “é o tipo de desajustado que apenas uma avó pode amar, mas com quem não pode conviver”. Ele conta que de início ouvia junto de Adler o grupo Van Halen, pelo qual ficou fascinado com os solos de guitarra de Eddie Van Halen, em “Eruption”.

Slash descreve as confusões colegiais tidas ao lado do colega que, segundo ele, dava muita importância principalmente aos grupos KISS, Boston e Queen. Já para o guitarrista, os anos 60 e 70 foram a época “mais criativa do rock and roll”. Slash confessa que o disco "Rocks", do Aerosmith, o influenciaria sobremaneira, através das primeiras notas de “Back In The Saddle”.

Do apelido dado pelo ator Seymour Cassel, SLASH admite não ter vocação para a liderança. “Basicamente, não tenho a personalidade para ser um líder de tipo algum”, entrega. Isso, obviamente, é suscitado porque anos depois muitas brigas de comando ocorreriam com o colega Axl Rose. Ele diz também que sempre procura ver o melhor das pessoas, não importando o defeito delas. No decorrer da obra, SLASH afirma que tentou prosseguir com o GN’R mesmo "enfrentando" o polêmico vocalista.

Em seguida diz que é “indigno de ouvir” o movimento punk de Los Angeles, ao contrário da cena vista em Londres e Nova Iorque. A partir dali descreve como conheceu Izzy Stradlin e Duff McKagan; este último com quem possui até hoje estreitos laços de amizade, ao ponto de ter formado o VELVET REVOLVER no começo dos anos 2000.
Izzy Stradlin
Na sequencia é mostrada a transição entre os grupos seminais L.A. Guns e Hollywood Rose, pelos quais os membros fundadores do GN’R passariam – SLASH, Duff e Steven pelo primeiro e Axl e Izzy pelo segundo. Neste trecho da obra o guitarrista conta como conheceu “o melhor cantor de Hollywood naqueles tempos” (Axl).


Duff McKagan
No capítulo 5 (“Azarões”), SLASH descreve uma peculiar característica do guitarrista-base Izzy Stradlin. Ao mencionar a mudança do segundo guitarrista do Hollywood Rose – a demissão de Chris Webber sem o consentimento de Izzy –, ele afirma entender a personalidade do futuro ex-colega de guitarras no GN’R. “Agora sei que sair em disparada é o mecanismo de defesa de Izzy quando acha que as coisas não estão muito bem: ele nunca faz estardalhaço em torno disso, apenas sai e não olha para trás”. Tais palavras deSLASH explicariam a atitude de Stradlin ao deixar o Guns em 1991 sem maiores explicações.

Por sinal, a debandada de Izzy intriga e entristece até hoje os fãs ardorosos da formação clássica do GN’R. Nesta visão, pode-se concluir que no período em que o Guns mudou seus padrões com a saída de Steven e a inclusão de teclados e metais na banda, o então guitarrista-base abandonou o barco por discordar dos rumos ora tomados por todos.
Slash recorda que se tornou “realmente bom amigo” de Axl durante o período em que o vocalista morou com a família Hudson. Para ele, os traços típicos de Rose são de uma pessoa “sensível, introspectiva e que passava por acentuadas mudanças de humor”. Por esta descrição, SLASH justificaria muitas atitudes futuras e consideradas por ele como erradas.

Para SLASH, o traço de personalidade "baderneiro" de Axl os unia, “desde que não prejudicasse o profissionalismo”. Entretanto, a característica reincidente do vocalista em causar atrasos nos shows e discórdias quanto ao futuro da banda após o lançamento do disco de covers "The Spaguetti Incident" (em 1993) o descontentaria profundamente.

Entre tiradas ao grupo Poison e citações à grande influência do Hanoi Rocks e do New York Dolls, SLASHlembra que Axl tivera envolvimento com uma ex-namorada sua de nome Yvonne possivelmente em 1984. “Durante um dos períodos em que resolvemos dar um tempo no relacionamento, Axl transou com ela. Fiquei contrariado à beça”, confidencia o guitarrista. Portanto, a futura ‘birra’ dos dois tem raízes mais profundas do que se imaginava.


Slash ainda conta como foi a entrada no Guns N’ Roses e que via na figura de Izzy um “amortecedor” em relação ao frontman da banda. “Axl e eu nos entendíamos bem de várias maneiras, mas tínhamos diferenças inatas de personalidade”, reforçou o guitarrista. Neste instante, ele reitera que o grupo era único em suas características e realizava um sonho profissional. “Não havia nem um pouco da típica atmosfera existente em Los Angeles, na qual a meta era obter um contrato para um disco. Não existia preocupação em relação às poses apropriadas ou refrões babacas de apelo comercial que poderiam levar ao sucesso nas paradas”, classificou.

O guitarrista explica que em seu início o Guns N’ Roses se assemelhava a uma gangue, pois se reunia para fins específicos e possuia comportamento delinquente e antissocial, ao ponto de não aceitar críticas de ninguém, nem dos próprios colegas. Muito da autodestruição da banda pode ser vista nesta menção à personalidade explosiva de cada um dos integrantes.

“Eu nunca havia estado numa banda em que músicas que achava tão inspiradoras fluíam tão naturalmente”, enalteceu SLASH, a respeito dos primeiros passos da banda, incluindo série de shows e composição. Algo relevante que se pode concluir pelas palavras do guitarrista – e que seria reforçado mais adiante no livro – é que a dissolução do GN’R está intimamente ligada ao rompimento do processo de criação/composição das músicas com o passar dos anos. Ou seja, cada vez mais os músicos se distanciaram com a expansão e descaracterização da banda iniciada em meados dos anos 80.


Após explicações sobre as negociações com empresários no início da carreira e de como odiavam as bandas chamadas de glam de Los Angeles, SLASH cita que Axl começava a adquirir a reputação de “genioso” e que podia “subir nas tamancas a qualquer momento”. A seguir traz informações a respeito de como notou “algo diferente” em Steven, pelo uso de heroína, além da passagem em que Axl conhece Dizzy Reed, então integrante da banda Wild e que depois se juntaria ao GN’R para implantar teclados e maior complexidade ao grupo.


Fora a acusação conjunta com Axl de estupro de uma garota, SLASH menciona o primeiro contrato com gravadora (Geffen Records), em 1986. A partir dali, com a entrada do empresário Tom Zutaut, o grupo começaria uma guinada, vindo a se autodestruir no decorrer do tempo. “Deixáramos de ser mais um bando de desordeiros sem nada a perder, passando a ser desordeiros com apoio corporativo”, considerou o guitarrista.
Além disso, SLASH recorda como os membros da banda conheceram o músico West Arkeen, que os apresentou “as sutilezas da pureza da cocaína”. Por ironia do destino, depois de colaborações com o GN’R no começo dos anos 90, Arkeen morreria de overdose da mesma droga. A criatividade latente dos músicos era tão grande no período inicial, que a letra do petardo “Mr. Brownstone”, que fala de um dia da vida deles na época, foi escrita em um saco de papel de mercearia.



Referências Bibliográficas:

Slash - Slash com Anthony Bozza
Wiplash.net

Axl Rose eleito o maior frontman de todos os tempos.




O polêmico frontman do Guns n' Roses, Axl Rose, foi eleito como "o maior frontman de todos os tempos", segundo pesquisa realizada pela MusicRadar.com. Na pesquisa, Axl fica a frente de lendários nomes como Freddie Mercury, Robert Plant, Ronnie James Dio, John Lennon e Bruce Dickinson.

"É a voz do povo. Esqueça a caricatura dos recentes anos e pense de volta ao final dos anos 80 - ele era perigoso, esbelto, raivoso, controverso. O impetuoso, vivaz, enteado de Steve Tyler e Robert Plant, nascido um rock star que fez questão de estar elegantemente atrasado num estilo de vida e começou a tumultuar no processo", diz o site.



Confira a lista dos 30 maiores frontmen, segundo a pesquisa.


01. Axl Rose (GUNS N' ROSES)
02. Freddie Mercury (QUEEN)
03. Robert Plant (LED ZEPPELIN)
04. Ronnie James DIO (BLACK SABBATH, HEAVEN & HELL, RAINBOW, ELF)
05. John Lennon (THE BEATLES)
06. Bruce Dickinson (IRON MAIDEN)
07. Thom Yorke (RADIOHEAD)
08. Kurt Cobain (NIRVANA)
09. Matt Bellamy (MUSE)
10. Paul McCartney (THE BEATLES)
11. Jim Morrison (THE DOORS)
12. James Hetfield (METALLICA)
13. Maynard James Keenan (TOOL, A PERFECT CIRCLE)
14. Mick Jagger (THE ROLLING STONES)
15. James LaBrie (DREAM THEATER)
16. Bon Scott (AC/DC)
17. Steven Tyler (AEROSMITH)
18. Roger Daltrey (THE WHO)
19. Geddy Lee (RUSH)
20. Morrissey
21. Liam Gallagher (OASIS)
22. Jack White (THE WHITE STRIPES)
23. Joe Strummer (THE CLASH)
24. Stevie Nicks (FLEETWOOD MAC)
25. Iggy Pop (THE STOOGES)
26. Smokey Robinson
27. Black Francis / Frank Black
28. Diana Ross
29. Debbie Harry (BLONDIE)
30. Martha Reeves